Oclusão Dentária

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Trauma Oclusal e por escova de dentes

A imagem abaixo representa uma mastigação normal, onde os dentes inferiores deslizam sobre a superfície posterior do dentes superiores, até a "parada final", quando, normalmente, há um pequeno espaço separando-os. A presença desse espaço quando fechamos a boca é devido a um fator que determina a "proteção mútua", isto é, quando os dentes posteriores estão se tocando, os anteriores deverão estar desocluidos. Quando os anteriores se tocam, como no momento em que estamos cortando os alimentos, são os posteriores que devem se manter em desoclusão. Isso tudo, claro, em uma oclusão ideal.




Já nos casos onde ocorre algum tipo de desarmonia oclusal, as conseqüências advindas disso serão dependentes da tolerância estrutural de cada elemento que compõe e participa da mastigação, e as imagens abaixo representam os traumas e suas possíveis conseqüências nos dentes e suas estruturas de suporte. Traumas na ATM (articulação têmporo-mandibular, localizada perto do ouvido) você poderá ver na imagem abaixo.

Esta imagem abaixo demonstra uma conseqüência possível, que poderá se dar com um pequeno desgaste da parte anterior da raiz. Gosto de explicar esses casos aos meus pacientes citando um exemplo bem simples e facilmente compreensível: a de um pilar de concreto fixo em uma base muito resistente, e recebendo um esforço além do que é capaz de suportar. Quer dizer, a base é mais resistente que o pilar. Nesse caso o que ocorreria? O resultado da força seria dirigido imediatamente acima da base, e parte do "concreto" se desprenderia do pilar. É mais ou menos isso o que ocorre com as raízes dos dentes quando o osso que os sustentam tem grande resistência estrutural.
Amplie a imagem abaixo e veja a raiz do incisivo superior para entender melhor.


Esse tipo de perda da estrutura dentária está também muito associada à traumas pelo uso inadequado da escova. Recessão da gengiva e brilho das raízes expostas são característicos de trauma por escovação incorreta (Clique na imagem para ampliar e ver um exemplo: ).
Este paciente, dentista, percebeu durante a sua graduação, que realizava a escovação incorretamente. Ao passar a escovar corretamente os dentes a recessão estabilizou no nível observado agora na imagem. Como a causa foi removida ao melhorar a técnica de escovação, a minha conduta no caso foi apenas reiterar o observado por ele, e acompanhar em consultas anuais para ver se o quadro se mantém como está hoje.

Na imagem abaixo temos o caso onde a estrutura comprometida é o osso alveolar, osso que circunda e sustenta os dentes. Quando este tem uma espessura e resistência inadequadas, poderá sofrer as conseqüências do trauma oclusal. Pode estar também associada à escovação incorreta dos dentes, com força em demasia e/ou uso de escovas inadequadas. Os autores afirmam que essa perda óssea deve sempre estar acompanhada da presença da placa bacteriana, mas esse assunto é pra outra conversa, não aqui.



Nesta última imagem temos o caso em que as outras estruturas têm resistência e o trauma oclusal ocasiona o desgaste dos dentes. Nesses casos os dentes se desgastam e, em constante extrusão (erupção contínua), continuam a apresentar o desgaste da coroa. Esses casos de desgaste dos dentes são comuns em pessoas que tem o hábito de ranger os dentes, e o contato anormal posterior pode ser até o desencadeador desse hábito.





Embora isso não se dê em todos os casos, é muito comum, como demonstrado nessas imagens, que os dentes anteriores apenas repercutam traumas localizados na região posterior, e mais de um dos exemplos acima podem estar presentes em um ou mais dentes de um mesmo indivíduo. Já observei alguns casos de pacientes com dor em dentes anteriores, aparentemente de origem desconhecida, e não detectadas anteriormente, que têm seu problema resolvido com um simples ajuste nos dentes posteriores.