Oclusão Dentária

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Guia canina e uma interferência Oclusal


Quando o sistema mastigatório atua em harmonia, com o posicionamento e forma correta dos dentes, teremos uma melhor distribuição de forças entre os dentes e as estruturas que suportam estes, além das articulações e músculos, atuando quando devem atuar e relaxando no momento seguinte, permitindo a preservação e mais longevidade à todos os elementos que compõe o sistema.
Sabemos que a ação dos dentes na mastigação não se dá apenas com movimentos verticais simples de abertura e fechamento, mas compreende diversos movimentos laterais e anteriores excursivos que determinam, cada um na sua função, a quebra e trituração dos alimentos, permitindo e facilitando a digestão e absorção final dos alimentos pelo sistema digestório. A "guia canina", demonstrada neste post, compreende um dos movimentos mastigatórios excursivos (existem outras formas de guias laterais e anteriores que demonstrarei aqui outro dia), é importante por permitir que a ação se dê de forma menos danosa para as estruturas dentárias, já que o canino (ou "a presa", como alguns conhecem, e até considerado como sinônimo no dicionário Houaiss) possui raízes mais volumosas e extensas, suportando melhor as forças laterais, mas sobretudo servem como guia, protegendo, nesta fase da mastigação, os dentes posteriores, mais curtos, que suportam melhor forças dirigidas no sentido do seu longo eixo. Por isso, interferências oclusais nos dentes posteriores durante esse movimento podem ocasionar a instabilidade oclusal, com repercussões tanto nos dentes diretamente envolvidos, como em outros à distância, além de poderem ocasionar traumas na articulação têmporo-mandibular (veja uma demonstração aqui).

Veja também na imagem abaixo como restaurações incorretamente realizadas podem ocasionar os traumas descritos acima. Observem que no início temos a guia (no caso representado pela guia canina), permitindo a desoclusão (afastamento) dos dentes posteriores durante os movimentos excursivos. Na demonstração, após uma coroa ser realizada, temos ainda a preservação da guia do lado anteriormente demonstrado, mas a coroa poderá interferir no lado de trabalho oposto, e todos esses movimentos devem ser observados quando realizamos uma restauração com uma simples coroa, ou com uma prótese mais extensa.